Tua ausência cala o mundo.
Só há silêncio debruçado nos caminhos. Nenhuma música, buzina ou voz.
Não há flores, gargalhadas, trovões ou gritos. Apenas relâmpagos imaturos que acendem um céu sem lua, sem estrelas, sem chuvas ou qualquer coisa que me tire a atenção da tua falta.
Tua ausência cala o mundo, o mar, os ventos.
Tua ausência desaba silenciosamente sobre meus dias.
Tua ausência é essa substância densa.
Tua ausência é tão presente que é pessoa... e me abraça...


Meu filho, sem você sou apenas metade de mim.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

90 dias sem você...



...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...

(Pablo Neruda)

Meu amor, a 90 dias você nos deixou. Não consigo traduzir em palavras a falta que você tem feito em nossas vidas.
Quem sou eu para questionar os desígnios de Deus, mas poderia haver castigo pior para uma mãe do que ver seu bebê que foi gerado com tanto amor, cuidado com tanto zêlo, abraçado, acalentado, amado... partir antes dela?
Não, definitivamente não consigo vislumbrar nada pior do que isso.
Quando nos tornamos mãe entendemos o significado da palavra AMOR INCONDICIONAL. Um sentimento maior do que todos os que já foram antes experimentados, uma sensação de realização plena e absoluta. Mas ao mesmo tempo a certeza da fragilidade da vida, no sentido de que, em sendo tirado aquele serzinho de você, sua vida perderá todo o sentido. E foi isso que aconteceu conosco... nossa vida perdeu todo o sentido.
Seguimos em frente pela Amanda, nossa princesinha que tem nos dado tanta força que nem ela é capaz de acreditar no alento que tem sido em nossas vidas. Contudo, como nos dói vê-la chorando escondida de nós, abraçada aos brinquedinhos do irmãozinho que ela tanto amava.
Meu coração se esfacela cada vez que presencio uma cena dessas e penso: "Meu Deus, suportar a minha dor já beira o impossível, mas como suportar a dor da minha filha, tão pequena, com apenas 7 aninhos, e já tendo que ter coragem e maturidade de gente grande?"
Estamos seguindo nossas vidas como se tivéssemos no piloto automático. Sem planos, sem projetos, sem vontade... 
O buraco aberto em nosso peito nos deixou feridos para todo o sempre. Ferida incurável, imensurável, insuportável. 
Que o tempo (que neste momento tem sido mais inimigo do que amigo, ao passo que a saudade cresce e sufoca mais a cada dia) possa se reverter a nosso favor um dia, e nos ensinar a viver exatamente assim, como somos agora: Pela metade.
Saudades meu filho...
A mamãe, o papai e a Dadá te amam além do amor.

sábado, 19 de novembro de 2011

Saudades que não tem fim....

Meu amor, ajuda a mamãe a suportar a dor da tua ausência. Têm dias que a mamãe acha que não vai suportar... Quanta saudades...


"De todas as dores da Humanidade, possivelmente a mais aflitiva seja a que se constitui na separação dos afetos pelo fenômeno da morte.
Embora todos saibamos que a morte é a etapa final dos que vivem na Terra, não nos preparamos para recebê-la. Eis porque ela sempre nos surpreende, esfacelando-nos o coração em tortura moral.
Para os que acompanham o féretro até o que se denomina a última morada do corpo de carne deveria ser o momento de acuradas reflexões.
O que existe, afinal, para além do túmulo? Para onde vão as almas dos que se foram, abraçados pelo sono da morte? Como diluir a dor da separação?
Que existe vida além desta vida já foi suficientemente comprovado.
Seja pela revelação religiosa que, desde os tempos imemoriais se refere ao Espírito imortal, seja por ramos da ciência médica e psicológica que apresentaram estudos variados, concluindo pela existência de um mundo invisível, onde vivem os que deixam o corpo carnal.
Jesus, o Mestre excelso, provou mais de uma vez que a morte é uma ilusão dos sentidos físicos. No Tabor, ao Se transfigurar, frente aos olhares atônitos de Pedro, Tiago e João, apresenta-Se tendo ao lado direito e esquerdo as figuras veneráveis do legislador hebreu Moisés e do profeta Elias.
Ora, ambos haviam vivido entre os hebreus há muitos séculos.
Contudo, se apresentaram tão vivos que Pedro cogitou de erguer tendas para que eles as habitassem, ali mesmo no monte Tabor.
Jesus, após Sua morte infamante na cruz, apresentou-Se aos Apóstolos e aos discípulos variadas vezes, em ambientes fechados e ao ar livre, demonstrando que prosseguia vivo.
Os que morrem continuam vivendo, no mundo que lhes é próprio, o espiritual, que somente não detectamos pela grosseria de nossa visão material.
A prova de que prosseguem vivos a temos nos sonhos em que com eles nos encontramos, trocamos confidências, amenizamos as saudades.
Essas são as experiências individuais de todos nós.
Apesar de tudo, a saudade se alonga nos dias, tanto mais forte quanto mais se demoram os meses e se amontoam os anos.
Por isso, somente a oração pode lenificar a longa saudade. Quando oramos a Deus pelos que partiram, eles nos sentem as vibrações, quais se fossem abraços de carinho e na mesma intensidade, os retribuem, pelos fios do pensamento.
Um dia, logo mais, haveremos de nos reencontrar na Espiritualidade, quando transpusermos os umbrais da morte. Então, diremos adeus aos que permanecem, para recebermos um olá, você chegou! dos que nos precederam e nos virão receber no portal do Céu."
*   *   *
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, ed. Fep.
Em 03.11.2010.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados


Guerreiros também morrem, mas morrem lutando. E é isso que faz deles seres tão especiais.
Felipe, meu anjo guerreiro.

Meu filhinho querido, mais um dia difícil hoje. Todas as manhãs acordar e ter a certeza de que não foi um pesadelo, de fato, você partiu me deixando aqui...
E é assim que a mamãe se sente, como se tivesse sido esquecida aqui, sabe. Aqui não é mais o meu lugar. Não me encaixo mais neste mundo, não me vejo mais fazendo tudo que fazia antes, não sou e não serei nunca mais aquela pessoa que fui antes do seu desenlace.
A sensação que a mamãe tem é de que está perdida em alguma dimensão diferente de todas as outras pessoas vivas. Não estou morta, mas não me sinto viva. Então, onde estou?
O buraco que ficou no meu coração faz de mim alguém pela metade. Sim, eu sou alguém pela metade. Dividida entre as obrigações do dia-a-dia (fingir que as coisas estão relativamente bem) e as saudades sufocantes que sinto de você, meu amor.
Hoje fomos todos ao cemitério levar flores para você, orar a Deus que te proteja aí em cima para que você descanse da longa e dura batalha que travou aqui na Terra.
Sabemos que um dia estaremos todos juntos e esse é o único alento para o meu coração despedaçado.
Esteja com Deus meu pequeno.
Obrigada por todas as alegrias que você trouxe às nossas vidas, meu anjo de luz.
Te amo pra sempre.
Mamãe